"Sidéria" é uma ópera do
gênero “tragédia” com três atos que tem como pano de fundo o conflito da Revolução
Federalista; conflito este que Curitiba e a cidade da Lapa tinham
vivenciado havia pouco tempo e de forma mais dramática a cidade que dista 60 km
da capital e que enfrentou os revoltosos, tendo ocorrido violentos confrontos e
que entrou para a história como “Cerco da Lapa”.
SIDÉRIA - (soprano);
THYLDE - (soprano);
ALCEU - (tenor);
PAULO - (barítono);
JUVENAL - (tenor);
CAMPONESA - (mezzo-soprano);
CAMPONESES – (2 figurantes)
I ATO
O primeiro ato desta ópera transcorre
na casa de Sidéria, jovem ingênua e singela de 15 anos que mora com o pai,
Paulo, em um vilarejo de camponeses. Sidéria é desejada por Juvenal, mas esse
amor não é correspondido. Juvenal, magoado, trai a confiança de Paulo e Sidéria
quando delata para as autoridades o paradeiro de Alceu, um jovem que é
perseguido por seus ideais políticos e que em fuga, chega ao vilarejo e é
acolhido por Paulo. Neste convívio, Sidéria apaixona-se por Alceu e é esta
paixão o estopim da traição de Juvenal. Neste ato é apresentado canções de camponeses
"na lida", canções que exaltam a primavera e que festejam o
aniversário de Sidéria. Em dueto, Sidéria e Juvenal, cantam o nascer de um amor
e em coro os camponeses manifestam sua tristeza pelo ato traidor de Juvenal.
II ATO
O segundo ato desenvolve-se na praça,
próximo ao acampamento federalista, onde Alceu esta preso e ali se passa toda a
movimentação militar do vilarejo. Neste ato, uma nova personagem entra em ação:
Thylde, noiva de Alceu e que esta a procura do amado. Sidéria e Thylde tornam-se
amigas e num primeiro momento a noiva não desconfia da paixão de Sidéria por
Alceu. Na iminente execução de Alceu, Thylde empenhasse em salvar o noivo e
assim o faz, mas Alceu já esta totalmente dominada de paixão por Sidéria.
Juvenal tenta reverter à indiferença de Sidéria pelo seu amor e na nova
negativa comete ato insano ao matar Sidéria a punhaladas e logo em seguida se
suicida. As canções do segundo ato se concentram no sofrimento da prisão e na
tragédia de Sidéria, bem como no desencanto do amor tanto de Thylde como de
Juvenal. Algumas canções representam o sarcasmo e zombaria por parte dos
soldados com o preso e o vilarejo.
O terceiro e último ato transcorre no
túmulo de Sidéria. Ali ocorre a aflição do pai e o desespero do amado Alceu que
é confortado pela ex-noiva. Alceu tem acessos de alucinação quando a jovem
morta aparece para ele, em sonho, na forma de sombra e cercada de anjos.
Sidéria, no sonho, suplica para que Alceu a acompanhe e como essa seja a
intenção de Alceu, o jovem cai fulminado sobre o túmulo de Sidéria. Entre os
camponeses cria-se uma lenda de que o local de sepultamento de Sidéria,
espontaneamente, nasce uma roseira florida cobrindo o túmulo. As canções desta
última parte referem-se à tristeza pela morte de ambos os jovens, a tristeza do
amor perdido de Thylde, um hino entoado pelos anjos, um dueto entre Alceu e
Thylde recordando o passado, um coro infernal zombando de Juvenal e um solo
orquestral na última cena, quando bate meia-noite e Alceu morre,
espontaneamente, enquanto ao fundo ouve-se o grito de Thylde ao descobrir o
corpo de Alceu, e assim, lentamente, as cortinas cerram-se.
O COMPOSITOR
Stresser aos 18 anos |
Augusto Stresser nasceu em 18 de
julho de 1871 (prematuro de oito meses) em uma casa
localizada na esquina da Rua da Carioca (atual Rua Riachuelo) com a Rua dos
Alemães (atual Rua 13 de Maio) na capital paranaense.
Filho de Theodoro Stresser, alemão nascido
em Walferding (Luxemburgo) e que imigrou para o Brasil no final
da década de 1820 (com apenas 3 anos de idade). A mãe de Augusto foi
Izabel Pletz (mais conhecida por "Luiza"), brasileira e descendente
direta de alemães. O casal Theodoro e Izabel casou-se em Curitiba no
dia 23 de janeiro de 1847 e tiveram sete filhos, sendo
Augusto o caçula da família. Seus irmãos foram: Maria do Pilar, Leopoldina,
José Theodoro, João Augusto, Francisca e Guilhermina Theodoro, pai de Augusto, era dono
de olaria no Bacacheri e foi o primeiro a fabricar as
telhas tipo "Marselha" no Paraná. Este produto era considerado de
fino acabamento e com o seu processo de fabricação especial, o Governo
Provincial concedeu a Theodoro o privilégio da fabricação e introdução no
mercado por 30 anos, a partir da década de 1870.
Os primeiros anos de vida de Augusto foram marcados por doenças. Com um
ano de idade foi desenganado pelo médico da família e somente foi curado com os
cuidados e recomendações do médico particular da imperatriz, dona Thereza
Christina Maria, o Dr. Rocha Lima que nesta época passava alguns dias na
capital paranaense. Aos três anos de idade nova doença, com ameaça de tifo. A
cura, desta vez, veio através dos medicamentos do
médico homeopata Dr. João Manoel da Cunha.
Augusto aprendeu a ler e a escrever aos sete anos com a mãe, mas sua
primeira escola formal foi a do professor Miguel Schleder. No ginásio, teve
entre os colegas, Affonso Camargo, Ivo Affonso da Costa, Antonio Aughusto
de Carvalho. Nos intervalos dos períodos de estudo, Augusto sempre pintava e
desenhava. Começou, desde pequeno, a manifestar pendores para as belas artes.
Aos oito anos se interessou por música e fotografia e em pouco tempo manejava,
magistralmente uma flauta, que ganhara do irmão "Jéca" (José
Theodoro).
Casal Stresser |
Augusto Stresser casou-se com Ernestina Gaertner e tiveram oito filhos:
Cecília, Ary, Zuleika, Adherbal, Sidéria, Gastão, Guiomar e Milton.
Ainda jovem tornou-se funcionário do "Estado" a ali trabalhou
por quase toda a sua vida, chegando a ser Delegado Fiscal o Paraná.
A carreira artística começando na música desde cedo, dedicou-se ao
estudo da flauta e do contrabaixo. Seu gosto pela música fez de
Augusto um dos fundadores do Grêmio Musical Carlos Gomes, juntamente com:
Alberto Monteiro, Antenor Monteiro, Álvaro Barbosa, Alberto Leschaud, Athanázio
Leal, Annibal Requião, Bellarmino Vieira, Frederico Lange, Gabriel
Monteiro e Gabriel Ribeiro. O Grêmio foi criado em 28 de
maio de 1893. Posteriormente, Augusto tocou na orquestra da Catedral
Metropolitana de Curitiba. O gosto musical levou-o a tocar
flauta, flautim, contrabaixo e piano e sua dedicação a música não
impediu de "navegar" em outras atividades artísticas,
como: desenhista, pintor, poeta, fotografia, além
de jornalista.
Como jornalista publicou, juntamente com Silveira Netto,
um jornal ilustrado de cunha artístico: “O Guarany” (homenagem a obra
de José de Alencar). Mais tarde, em parceria com Leite Junior, publicou o
jornal "A Fanfarra" e também colaborou nos jornais "Diário da
Tarde", de Curitiba e no "O Itiberê"
de Paranaguá.
A ÓPERA
SIDÉRIA
Jayme Ballão - libretista |
Theatro Guayra - 1910 |
A ópera conta o amor trágico de uma jovem em meio à Revolução
Federalista, interpretado por um elenco amador, e teve a seguinte formação em
sua estréia:
THYLDE - Josepha Correia de Freitas
(soprano);
ALCEU - Jorge Wucherpfenning (tenor e
único profissional, remanescente da Companhia de Opereta Alemã Papke);
PAULO - Constante Fruet (barítono);
JUVENAL - Jorge Leitner (tenor);
CAMPONESA - Ana Kirchgaessner (mezzosoprano);
CAMPONESES - José Buzetti Mori e Luis Romanó.
Josepha de Freitas - Thylde |
Marietta_Bezerra - Sidéria |
Jorge Wucherpfenning - Alceu |
Jorge Leitner - Juvenal |
Além de Sidéria, Augusto Stresser assinou a mazurca Pérolas da Noite, a fantasia Prelúdio e um hino em homenagem ao cinquentenário do Paraná.
Augusto Stresser faleceu no dia 18 de novembro de 1918, aos 47 anos de
idade, vítima da gripe espanhola.
“...nunca se
pensou que o sr. Augusto Stresser pudesse ter tanto êxito nesta sua incursão
pelo caminho da música trazendo com ele, Léo Kessler. É natural e digno que se
registre a bem da verdade, que já se conhece a sua capacidade artística. Vale a
notar a sua ardente e feliz inspiração, que combina a se acasala com o clima
que a Capital lhe deu como cenário magnífico da ópera” (Jornal A República. Curitiba:
edição de maio de 1912);
“...o theatro achava-se, como nos dias da primeira e segunda apresentações, literalmente cheio, vendo-se na platéia e nos camarotes o que de mais distincto tem a nossa sociedade....sob essa atmosfera sympatica subiu o panno e ouviu-se a suggestiva canção do lavrador, cantada com muita expressão e sentimento pelo sr. Constante Fruet. ... a senhorita Marietta Bezerra é realmente o centro grandioso daquella constellação artística. Ingenua e infantil no 2° acto, torna-se altamente dramática as scenas intensas que se desenrolam depois...” ( Jornal Diário da Tarde – coluna Theatro Guayra. Curitiba: edição de 7 maio de 1912, p1.).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sidéria
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